Todos os anos, o Brasil registra cerca de 35 mil casos de violência contra crianças e adolescentes, segundo o Ministério da Saúde. No entanto, esse número pode ser bem maior, pois muitas vítimas têm medo de denunciar a violência sofrida. Com o objetivo de atender esse público, a Prefeitura de Campo Grande criou o PAESCA, Programa de Atendimento Especializado em Crianças e Adolescentes vítimas de violência, suicídio e automutilação, que desde junho do ano passado está sob a responsabilidade da Coordenadoria de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau).
A psiquiatra Maria Letícia Nantes é a responsável técnica pelo Ambulatório de Saúde Mental do CEM, Centro de Especialidades Médicas, onde são realizados os atendimentos. “O PAESCA conta hoje com 9 psicólogos, 3 assistentes sociais, 1 psiquiatra e 2 médicos residentes em psiquiatria, além da equipe administrativa”, enumera.
Todos os sábados são oferecidas 104 vagas para o atendimento dos pacientes, entre retornos e primeiras consultas.
Encaminhamentos
É preciso percorrer um caminho antes de entrar na lista. Os pais ou responsáveis legais devem procurar uma Unidade de Saúde (USF) para relatar o caso, e só depois disso a criança ou o adolescente passa por uma consulta. “Os profissionais que estão aptos a fazer esse encaminhamento são assistentes sociais, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, médicos e terapeutas”, explica a responsável pelo Ambulatório de Saúde Mental.
Melhora
Esse tipo de atendimento já trouxe resultados importantes, segundo Maria Letícia. “Temos percebido que o ambulatório proporciona um ambiente seguro para que esses pacientes possam se recuperar de experiências traumáticas e os ajuda a desenvolver habilidades e recursos para o enfrentamento”, completa.
SUS
Atualmente, o Ministério da Saúde considera que a violência e as tentativas de suicídio devem ser imediatamente notificadas, e cabe ao gestor da saúde garantir o cuidado emergencial, assim como os atendimentos de saúde, incluindo a assistência psicológica.
Todos os anos, o Ministério da Saúde divulga boletins com as notificações dos casos de violência contra menores no país. É importante notar que, no caso dos adolescentes, a maioria dos registros (31,8%) foi feita pela rede de saúde; em crianças, esse índice chega a 29,4%, ficando atrás apenas das notificações feitas pelos conselhos tutelares (34,7%).