O prefeito do Rio, Eduardo Paes, e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, firmaram, nesta sexta-feira (19/4), parceria para a concepção do Museu da Democracia da Justiça Eleitoral. O museu funcionará no prédio do atual Centro Cultural do Tribunal Superior Eleitoral, localizado na Rua Primeiro de Março, e sua concepção será feita pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
– Eu pertenço a uma geração que já cresceu com o Brasil vivendo a sua redemocratização e que se acostumou com eleições livres e com as instituições funcionando. Todos nós vimos o que se tentou no início do ano passado no Brasil, naquela tentativa de golpe de estado, de ruptura institucional. Acho que temos o dever, a obrigação de ficar lembrando disso, de gerar memória sobre isso, educando a importância de defender os valores da democracia. Esse museu serve para reflexão e esse olhar atento permanente – afirmou Eduardo Paes.
O novo local para exposições é fruto de acordo de cooperação entre o TSE e o município do Rio, por meio da Secretaria Municipal de Cultura. O termo foi assinado no dia 11 de dezembro do ano passado. O museu tem como missão contribuir para o conhecimento político, histórico, cultural e econômico do Brasil ao propor leituras de um mundo em intensas transformações. Será um espaço de convivência social, educação, conhecimento científico e manutenção das liberdades civis e políticas.
– A ideia desse museu é contar e perpetuar na história toda essa trajetória da justiça eleitoral na construção de uma verdadeira democracia no Brasil.Desde o início da República, o Brasil sofreu, infelizmente, inúmeros episódios de exceção. Hoje, nós vivemos o maior período de estabilidade democrática do Brasil republicano. Isso deve ser comemorado, mas estabilidade democrática não significa tranquilidade e paz total. Significa a resistência e a resiliência das instituições contra eventuais ataques à democracia. Tudo isso precisa ser documentado, explicado e ficar na memória das próximas gerações. Essa é a ideia básica do museu. Aqui, vamos poder contar como a justiça eleitoral conseguiu avançar – disse Alexandre de Moraes, que agradeceu a presença do governador Cláudio Castro na cerimônia.
No Museu serão expostas obras que fazem referência a valores fundamentais para a convivência democrática, como justiça, educação e tolerância, entre outros. O acervo também será composto de criações que tratam de manifestações populares, constituições, imprensa e resistência do processo democrático.
Durante a cerimônia foi apresentada uma imagem da primeira peça que vai compor a exposição: a reprodução fotográfica “8 de Janeiro”, idealizada pelo artista brasileiro Vik Muniz, com detritos, cartuchos de bala, estilhaços de vidro e restos de carpete recolhidos após a invasão de prédios públicos na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
Os principais marcos históricos do processo democrático brasileiro serão lembrados desde a colônia, passando pelo Império, pela República, Ditadura e pela República Cidadã. O museu fará os visitantes refletirem e pensar sobre democracia, em projeções de vídeos com fotos e animações.
Uma das atrações que mais deve chamar a atenção será a sala do voto, onde objetos históricos vão remeter à evolução do sistema eleitoral, apresentando cédulas, urnas, fotos e experiências. Um jogo interativo também promete animar os visitantes para conhecerem sobre as democracias de todo o mundo.
O prédio do atual Centro Cultural do Tribunal Superior Eleitoral é patrimônio nacional tombado pelo Iphan e um local simbólico para a democracia brasileira, que testemunhou a passagem de algumas das principais manifestações populares da cidade, entre elas a “Passeata dos Cem Mil” e o movimento das “Diretas Já”.
Foi inaugurado em 1896 para sediar o Banco do Brasil e ambientou também o Supremo Tribunal Federal (1902-1909) e a Justiça Eleitoral (1946-1960). Nesse endereço, foram diplomados presidentes e vice-presidentes, como Getúlio Vargas, Café Filho, Juscelino Kubitschek e João Goulart.