Com estudo sobre células tumorais, Fernanda Lima Torres de Aquino, pesquisadora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), foi premiada pela editora Multidisciplinary Digital Publishing Institute (MDPI).
O trabalho desenvolvido durante o doutorado de Aquino foi um dos selecionados para receber o MDPI Award 2023, durante a Third International Conference Therapeutic Applications of Nitric Oxide in Cancer and Related-Inflammatory Disorders, evento que aconteceu no mês de setembro na cidade de Udine, na Itália.
A pesquisadora foi orientada pelo professor Hugo Pequeno Monteiro, da Unifesp, e recebeu apoio da Fapesp. O estudo, intitulado “Interligação entre PDI, NOS2 e TF na Regulação da Trombose induzida por células tumorais”, revelou uma interação crucial entre três proteínas: a proteína dissulfeto isomerase (PDI), a óxido nítrico sintase 2 (NOS2) e o fator tecidual (TF), presentes nas células do tumor. A descoberta oferece novas compreensões sobre como o corpo humano regula a formação dos trombos.
O grupo de pesquisa liderado por Monteiro estuda os eventos de trombose que acontecem em pacientes portadores de tumores de cólon. Esses eventos que se traduzem na formação de trombos, que são agregados de plaquetas e células tumorais, em muitos casos levam o paciente a óbito.
“Nossa pesquisa revelou que a NOS2 e a PDI estão intimamente envolvidas na modulação da atividade do TF através de um processo conhecido como S-nitrosilação de proteínas. A S-nitrosilação é uma modificação pós-tradução na qual o radical livre óxido nítrico (NO) reage com o aminoácido cisteína nas proteínas-alvo dando origem a uma proteína dia S-nitrosilada”, afirma a pesquisadora para a Fapesp.
Aquino acrescenta que o estudo revelou que “quando a NOS2 e a PDI interagem, elas atuam como uma espécie de “equipe”, direcionando o NO para o TF. Isso resulta na S-nitrosilação do fator tecidual, mantendo o TF em um estado inativo, com baixa capacidade coagulante”.
A implicação mais notável dessa descoberta é que a interação entre a óxido nítrico sintase 2 e a proteína dissulfeto isomerase faz parte de um novo estágio de organização de proteínas intracelulares para regular funções como a coagulação.
“A descoberta pode ter implicações importantes no desenvolvimento de tratamentos para condições de hipercoagulação, como trombose venosa profunda e embolia pulmonar, e também na prevenção de eventos tromboembólicos, como acidentes vasculares cerebrais e ataques cardíacos. Ela também lança luz sobre novos alvos terapêuticos para doenças relacionadas à coagulação sanguínea”, destaca a pesquisadora.
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