DownloadO título veio diante da rival Argentina, com o gol da vitória saindo no tempo extra com um jogador a menos
Líder no quadro geral de medalhas dos Jogos Parapan-Americanos de Santiago, no Chile, o Brasil teve no futebol PC (praticado por atletas com paralisia cerebral, decorrente de sequelas de traumatismo crânio-encefálico ou de acidentes vasculares cerebrais) a sua medalha de ouro mais dramática. O título veio no último dia de disputas, diante da rival Argentina, com um jogador a menos desde os 8 minutos de jogo e com gol da vitória saindo no tempo extra.
No time que ouviu em alto e bom som o Hino Nacional no topo do pódio, dois atletas, o meia Evandro Oliveira e o ala Lucas Henrique, são beneficiários do Programa Talento Esportivo, plataforma do Governo do Estado de São Paulo que consiste na concessão de apoio financeiro a atletas em vários níveis de excelência, praticantes de qualquer modalidade esportiva, a fim de aprimorar seus desempenhos esportivos em competições nacionais e internacionais.
Evandro conheceu o Programa Talento Esportivo em uma pesquisa pela internet e resolveu se inscrever. Foi selecionado em 2022 e viu seu rendimento melhorar.
“Com o financiamento, passei a adquirir suplementação e materiais esportivos de melhor qualidade, estou em uma academia melhor e agora passo também com uma nutricionista”, disse o meia, que é tricampeão parapan-americano com a seleção – o Brasil vem de cinco títulos seguidos.
Titular na campanha em Santiago e autor de quatro gols, Lucas também tem um ano de Programa Talento Esportivo. “Minha performance mudou muito desde 2022. Hoje, consigo investir melhor na minha preparação fora do clube para me manter sempre em alto nível.”
Amigos de seleção e de Vasco, Evandro e Lucas superaram a desconfiança no futebol convencional para brilharem no futebol PC. “Me senti acolhido no futebol PC. Cheguei a fazer testes em clubes com pessoas sem deficiência e sentia os olhares estranhos”, conta Evandro.
“Sofri muito preconceito, então precisei trabalhar meu psicológico. Sempre joguei com atletas convencionais, mas a partir das Paralimpíadas de 2016, decidi jogar futebol PC profissionalmente”, lembra Lucas.
As coincidências entre os dois jogadores não param na parceria dentro de campo. Eles têm o mesmo ídolo. “O Neymar é um grande jogador. Espero um dia encontrá-lo”, diz Evandro. Lucas segue na mesma linha. “O Neymar é um jogador muito diferente.”
De janeiro a outubro deste ano, o Programa Talento Esportivo concedeu financiamento a 343 atletas, totalizando investimento de R$ 3.176.815,00. São quatro categorias de bolsas (Estudantil, Juniores, Nacional e Internacional), com valores que variam de acordo com o nível técnico e competitivo do atleta.
Dos campos para as pistas
O futebol acompanha Evandro desde pequeno e foi a modalidade que escolheu para fazer carreira. Mas ele é, acima de tudo, um apaixonado por esportes. Tanto é verdade que ele tem se arriscado no atletismo.
“Comecei no atletismo em 2020. Corro as provas de 100 metros, 200 metros e 400 metros. E estou indo muito bem. Nesses três anos, medalhei em todas as competições que disputei. Fica difícil conciliar, porque são duas modalidades que exigem muito do atleta, mas entre futebol e atletismo, acho que ficaria com o futebol, que é a minha grande paixão.”